A Quarta Revolução Industrial - Resenha crítica - 12min Originals
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A Quarta Revolução Industrial - resenha crítica

A Quarta Revolução Industrial Resenha crítica Inicie seu teste gratuito
12min Originals, Tecnologia e Inovação e Sociedade & Política

Este microbook é uma resenha crítica da obra: A Quarta Revolução Industrial

Disponível para: Leitura online, leitura nos nossos aplicativos móveis para iPhone/Android e envio em PDF/EPUB/MOBI para o Amazon Kindle.

ISBN: 

Editora: Edipro

Resenha crítica

O conceito de “revolução”

A ideia de “revolução” indica alterações radicais e abruptas. Ao longo da história, diversas revoluções ocorreram sempre que novas tecnologias e modos de percepção do mundo desencadearam mudanças profundas em sistemas econômicos, estruturas sociais e organizações políticas.

Embora as revoluções não sejam planejadas, elas tampouco são disparadas intencionalmente. Isto é, elas não se dão com datas marcadas, podendo, inclusive, levarem décadas para esgotar os seus desdobramentos. Tratam-se, entre outros elementos, de consequências diretas das evoluções tecnológicas, provocando transformações paulatinas junto aos meios de produção.

Para o Dr. Klaus Schwab, presidente executivo e fundador do Fórum Econômico Mundial, a primeira transformação radical ocorreu há cerca de 10 mil anos: a revolução agrária. Nesse período, houve a transição da busca de alimentos (forrageamento) para a agricultura, o que só foi possível devido à domesticação dos animais.

As possibilidades abertas pela combinação das forças desses animais, articulada à engenhosidade humana, gerou vantagens para a comunicação, o transporte e a produção, bem como estimulou o crescimento populacional, iniciado por assentamentos humanos de maior escala, acarretando a urbanização.

Esta revolução tipicamente agrária foi seguida por toda uma série de revoluções industriais. No século XVIII, por exemplo, a produção mecanizada surge pela primeira vez na história humana, utilizando o vapor como força motriz.

Em seguida, tivemos uma revolução apoiada pelo uso da eletricidade, viabilizando produções em massa e, consequentemente, a revolução fordista, a partir da qual surgiram as primeiras cadeias produtivas e a cientificação dos métodos produtivos. 

Na atualidade, contudo, as indústrias de todos os segmentos passam por uma revolução inteiramente nova: a 4° Revolução Industrial que, logicamente, não existiria sem a primeira delas.

Primeira Revolução Industrial

A primeira revolução industrial caracterizou-se pela conexão de máquinas a vapor com os teares mecânicos, dando início às produções mecanizadas. O surgimento das primeiras fábricas promoveu o parcelamento crescente das etapas produtivas, de modo que cada um dos trabalhadores realizava somente uma pequena parte de seu respectivo processo.

Os patrões buscavam articular racionalmente a produção, com vistas a incrementá-la e reduzir os custos. Isso permitiu assumirem o pleno controle sobre os processos de trabalho e a eliminação dos antigos núcleos domiciliares de produção – tão comuns na Idade Média.

O controle técnico dos processos de produção também merece ser destacado, pois, ao instituir a divisão dos trabalhos em novos moldes, o capitalista passou a concentrar os fatores determinantes à produção, resultando na alienação dos trabalhadores em relação aos frutos de suas atividades laborais.

Logo, os trabalhadores perderiam completamente a visão geral dos processos e adquiriam apenas conhecimentos relacionados aos serviços individuais.

Segunda Revolução Industrial

A segunda revolução industrial, iniciada no último quartel do Século XIX, é destacada pelos historiadores pelo advento da eletricidade e pela estruturação das linhas de montagens, bem como pela padronização dos processos produtivos, elevação de escalas e da qualidade dos produtos, possibilitando um novo ciclo de produção em massa.

Nesse período, certos processos tecnológicos influenciaram decisivamente a produtividade da indústria, com consequências de grande intensidade nos meios políticos e sociais, fatores que a diferenciam da revolução precedente.

Na década de 1860, por exemplo, as indústrias adquiriram novas características, fomentando uma dinâmica impulsionada por grandes inovações técnicas, tais como:

  • a mencionada descoberta da eletricidade;
  • o surgimento e posterior avanço dos meios de locomoção e transporte;
  • a transformação de materiais (como do ferro em aço);
  • o desenvolvimento de indústrias químicas;
  • o aprimoramento dos meios comunicacionais, além de outros setores.

Os meios de produção foram significativamente alterados, engendrando enormes transformações tecnológicas marcadas, principalmente, pela velocidade das mudanças científicas e econômicas.

Surgem, assim, novas produções em larga escala e a consequente diluição dos custos, com produtos mais acessíveis e a promoção de investimentos em tecnologia, objetivando a maximização dos lucros da classe burguesa.

Essa classe, ao longo da história sempre visava, segundo o autor, a cumprir 2 objetivos essenciais:

  • acumulação de capitais e crescimento econômico;
  • fortalecimento político, a fim de manter os trabalhadores submissos (sem o qual seria impossível garantir o objetivo anterior).

Terceira Revolução Industrial

Essa nova fase da revolução industrial teve início nos anos de 1960, sendo tradicionalmente chamada de revolução dos computadores ou digital, devido ao fato de ter sido alavancada pelo desenvolvimento de semicondutores de computação em grande porte até chegar à chamada computação pessoal (nos anos de 1970) e a popularização da internet (a partir dos anos de 1990).

Essas transformações não impactaram o modelo central da linha de produção baseada nos princípios do taylorismo, isto é, não representaram uma tecnologia nova, embora melhorassem a confiabilidade e a produtividade dos equipamentos e diminuíssem sensivelmente todos os custos industriais.

Porém, as empresas ocidentais passaram por um agravamento de seus quadros econômicos, exacerbando a capacidade ociosa e gerando impactos sobre os custos fixos de cada fábrica.

Esses custos, até aquele momento, tinham baixa flexibilidade. Dessa forma, a alternativa a esses fenômenos implicava na busca por maior racionalidade nos investimentos e na diminuição da quantidade de trabalhadores contratados, resultando em um inaudito aumento dos índices de desemprego.

Porém, as evoluções tecnológicas propiciaram, no período pós-guerra, que tarefas repetitivas e simples fossem mecanizadas gradualmente. Isso significou, entre outros elementos, que as fabricações em massa estimularam a redução na quantidade necessária de postos de trabalho, reduzindo-os ano após ano.

Foi nesse momento que os chips de computador passaram a ser presença constante em praticamente todos os dispositivos que saíam da indústria, reduzindo os gastos necessários com eletrônica e disseminando:

  • os computadores pessoais;
  • os satélites para telecomunicações;
  • as placas de fax-modem;
  • a realização de comunicações por fibra ótica.

Esses foram os aspectos mais relevantes para, segundo o autor, a eclosão da 4° Revolução Industrial.

Quarta Revolução Industrial

A última (pelo menos, até agora) revolução cria uma sociedade na qual os sistemas físicos e virtuais de fabricação cooperam de modo flexível e global, possibilitando a total customização de produtos e, também, a criação de modelos operacionais novos, com expansão para áreas como:

  • computação quântica,
  • energia,
  • nanotecnologia,
  • genética,
  • biologia.

Tais elementos, entre outros, tornam a quarta revolução industrial significativamente diferente de suas predecessoras, graças, principalmente, à fusão entre essas tecnologias e a profunda interação entre os domínios biológicos, digitais e físicos.

Em uma perspectiva mais ampla, podemos observar, segundo o autor, que as plataformas tecnológicas possibilitam aquilo que, na atualidade, chamamos de “economia on-demand” ou “compartilhada”.

Desde a hospedagem à música, a economia sob demanda vem criando bases sólidos junto aos mais distintos setores econômicos mundiais e obtendo uma participação crescente em mercados que, no passado, eram controlados por pouquíssimas organizações.

São plataformas que reúnem dados, ativos e pessoas para a criação de ambientes inteiramente novos para o consumo de serviços e bens, eliminando barreiras que impediam tanto os indivíduos quanto as empresas de criarem negócios capazes de alterar a dinâmica de mercados tradicionalmente consolidados.

Esse efeito é justificado, além da existência de preços comparativamente menores, pelos benefícios da escalabilidade de custos naturalmente baixos. Vale destacar, nesse contexto, a praticidade e a comodidade de serviços disponibilizados que geram o interesse de novos consumidores que se acostuma, assim, a usar plataformas interativas para se conectarem e, consequentemente, gerarem novas camadas de informações e dados.

Agora que chegamos à clarificação dos conceitos teóricos desenvolvidos nas pesquisas de Souza, chegou a hora de entendermos como o Waze e o Uber são representantes centrais das transformações que ora vivenciamos.

Waze

O Waze é diferente dos softwares tradicionais com navegadores GPS, pois, trata-se de um aplicativo que, ao mesmo tempo, funciona como uma “comunidade de direção”. Seus sensores participativos têm revolucionado a forma como vemos as nossas cidades, sociedades e, principalmente, as interações entre indivíduos, fornecendo informações complementares do mapa e outros dados de tráfego aos seus usuários.

Além disso, o sistema pode ser usado sem a necessidade de conexões de internet (embora com certas limitações de recursos). O Waze é capaz de “aprender”, à medida que os usuários dirigem e fornecem atualizações de rotas e tráfegos em tempo real. Tudo de modo gratuito para usar e baixar.

Após sua instalação, o aplicativo apresenta um campo para configurações no qual é possível realizar diversas configurações, como a forma de apresentação dos mapas, idiomas, unidades de medida, vozes disponíveis para guiar os percursos, evitar pedágios, estradas de terra ou vias de terra, alertas de trânsito, acidentes, polícia, preços, perigos, erros de mapa, radares, entre outras possibilidades.

Essa configuração permite que cada usuário relate ocorrências em tempo real, gerando bancos de dados cooperativos que serão analisados por meio de soluções em Big Data.

O enorme crescimento dos usuários (de 300 mil no ano de 2012 para cerca de 4 milhões de pessoas em 2017), permitiu a “diluição” do trânsito nos grandes emaranhados urbanos (o autor utilizou a cidade de São Paulo para os seus estudos de caso).

Desse modo, o Waze facilita o acesso às melhores rotas, por meio de compartilhamentos e atualizações imediatas, gerando uma importantíssima sensação de segurança entre os motoristas, abrindo caminho para aplicativos disruptivos, como o Uber.

Uber

Para que uma pessoa possa usufruir do Uber, basta fazer um download gratuito em sua loja virtual preferida e se cadastrar no aplicativo. A seguir, ela pode solicitar um automóvel para se locomover à vontade pelas mais de 630 cidades em 80 países nos quais a empresa mantém operações ativas.

Com efeito, Uber é a startup com o maior de todos os valores de mercado, chegando à casa dos US$ 70 bilhões. Ela segue um modelo tradicional, qual seja, o de pagar um negócio para transportar pessoas de um ponto a outro.

Não obstante, há divisão em categorias que dependem do tipo de veículo. Dessa forma, as bases tarifárias são calculadas levando em conta essas diferenciações, permitindo ao cliente escolher livremente o tipo de serviço que melhor o atenda.

Um fator interessante é que os motoristas não são considerados funcionários da empresa. De acordo com o próprio Uber, as pessoas que decidem dirigir para o aplicativo devem ser consideradas “parceiras” da empresa.

Notas finais

Tal como ocorreu na Inglaterra durante o século XVII, as inovações tecnológicas romperam as barreiras levantadas pela posse restrita e exclusiva de conhecimentos importantes.

Afinal, não era mais preciso dedicar-se a longos anos de treinamento para se converter em um artesão, mas apenas a instrução minimamente requerida para operar máquinas.

Ao aproveitar a abundante mão de obra desqualificada ante o conhecimento dos artesãos, o autor conclui que esse mesmo princípio norteou as transformações no mercado de transporte de São Paulo.

Com esse novo tipo de mecanização (ou “ferramenta”, para empregar um termo mais em voga) uma sólida barreira de entrada foi derrubada: o conhecimento geográfico das cidades. A consequência mais imediata são os claros benefícios aos consumidores

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Marcelo Anderson de Souza é um escritor, dotado de um mestrado pelo Instituto Universitário de Lisboa, onde ele pôde se aprofundar mais nos estudos da tecnologia e como ela afeta a nossa sociedade nos dias de hoje.... (Leia mais)

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